domingo, 15 de maio de 2016

"O Brasil só se mexe na crise"

Entrevista na rede Vida sobre a saída de Dilma, o impeachement, a crise política e econômica e o que nos aguarda depois de tudo.
http://redevida.com.br/programa/tribuna-independente/comentaristas/analise-politica-do-jornalista-thales-guaracy.html

terça-feira, 26 de abril de 2016

Pela democracia, pela tolerância

Quando eu era diretor da Playboy, eu costumava deletar do facebook uns caras que apareciam só para me xingar. Achavam que sabiam o que fazer no meu emprego, mais do que eu, e descontavam em mim seu fracasso existencial. Senti compaixão pelo técnico da seleção brasileira. Escreviam baixarias e eu, se fosse tirar satisfação com todo mundo, estaria na cadeia até o Século 23.
Ofensa gratuita é uma coisa, opinião é outra. Nunca deletei ninguém nem jamais censurei comentário de gente que diverge de mim. Como jornalista, ganhei com a equipe da revista onde trabalhava um prêmio Esso pela cobertura da eleição que trouxe de volta a democracia plena ao Brasil. Na imprensa, trabalhei anos a fio, de madrugada, à custa da saúde e da diversão, ao lado de muitos outros brasileiros, para a gente poder ter essa liberdade. Não darei exemplo aos que desejam tirá-la. Não se exclui ninguém por divergência política ou de opinião. Democracia é a convivência dos contrários.
A intolerância cresce, não só neste ambiente aqui, em que muitos se julgam protegidos para julgar e agredir os outros, como nas ruas. O confronto do ator Zé de Abreu num restaurante e o comportamento do deputado Jean Willys, tanto quanto o casal ofensor e o provocador Bolsonaro, revela que todos os envolvidos nesta guerra perderam a razão junto com a compostura. Os defensores de cusparadas e outras impropriedades mostram que a cizânia está saindo do mundo virtual para a microfísica do cotidiano.
Vejo amigos experimentados na vida defendendo boicote a empresas "de oposição" publicamente, o que configura crime, e não deixa de ser crime pela internet. Outros, do lado oposto, generalizam a pecha de "ladrão" aos integrantes do governo e seus apoiadores, tanto quanto estes atribuem a condição de "golpista" a quem apenas deseja o cumprimento da lei e o bom trato do dinheiro público.
Os intolerantes, felizmente minoria, continuam sendo os que mais fazem barulho. No final, como aquele vizinho chato e agressivo, incomodam o cidadão pacífico, democrático, que apenas quer ver o Brasil dentro da lei e desfrutar das possibilidades de progresso que este país oferece quando a gente não estraga tudo.
A aparição da "primeira dama" do turismo deu margem a mais intolerância. De um lado, aqueles moralistas que acham o fim da picada a mulher do ministro aparecer de decote tirando foto deslumbrada no ministério. E os moralistas defensores do governo, que se acham de esquerda, mas são tão patrulheiros da liberdade quanto os extremistas que defendem o velho dístico da tradição, família e propriedade.
O moralismo existe, faz parte da sociedade, e como tudo tem de ser tolerado. O direito à liberdade, de fazer humor com o governo, de publicar o que se quiser, porém, está na essência da prática democrática. Qualquer tipo de censura e patrulhamento é que deve ser combatido. Como dizia o velho lema, é proibido proibir. A não ser, claro, aquilo que está estritamente fora da lei.

Para quem escreve livro...

Para quem escreve livro, o expediente nunca acaba.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Verdades

Ouvindo em casa o disco do irmão do André, 9 anos.
- João está cantando e tocando muito bem. Só falta ganhar um dinheiro...
André:
- Outro dia ele foi tocar (com a banda Bell & The Boys) lá na Paulista. Só dava nota de 2.
Dou risada.
- É - acrescenta André. - Ele disse que deu mais de 60 reais!
Mais risos.
- Está melhor que você - completa ele. - Que ganha 3 reais por livro.
(...)
(Verdade).

Conexões: A Conquista do Brasil

"Prezado Thales, boa tarde. Interrompi minha leitura de "A Conquista do Brasil" para procurar referências suas na Internet, até que encontrei o seu site. O objetivo deste é lhe enviar meus parabéns pela sua obra, que ainda não terminei de ler. Sou jornalista, entre outras formações, e por ter trabalhado com Educação e Turismo, já muito li e viajei pelas terras deste nosso Brasil e do mundo. Sou um entusiasta de História, notadamente do Brasil e dos grandes personagens do passado. Muito já li de diversos autores e continuo minha procura por novas e velhas obras que possam me enriquecer. Sua obra supracitada é especial, provavelmente a melhor leitura que fiz da história do nosso Paí­s. Aprendi ao longo do tempo que nossa herança cultural foi forjada com a mistura forçada de nossos antepassados de índios de várias tribos, portugueses e negros e, mais tarde, de outras imigrações. Essa mistura vem dos sangue derramado em guerras, do suor do trabalho árduo e escravizado e do sexo que miscigenou nossas raí­zes. Muito do nosso presente se explica olhando e estudando o passado. Quero lhe dar os parabéns pelo seu trabalho. Pelo prazer de poder ler transcrito o sentimento do sábio Anchieta, dividido entre o alí­vio de sobreviver às escaramuças, mas angustiado de ver muito do gentio dizimado. Obrigado. Um abraço. M. B."

Tenho recebido muitos emails como este de leitores de A Conquista do Brasil. Dá aquele alívio de ver que o trabalho alcançou o que eu desejava. E o prazer de contar com a simpatia das pessoas com quem a gente, pelo livro, acaba estabelecendo uma conexão.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O Minhoca no Viva

Quando meu filho nasceu, eu, que trabalhava em casa escrevendo, o apanhava ao meio dia para ninar - era a hora do soninho da tarde. Como eu não sabia de cor nenhuma das músicas de criança, tirando o "Fui no Itororó", comecei a inventar as músicas com as quais o fazia dormir. No final, acabava por inventar uns versinhos... E, quando ele dormia, corria para anotá-los.

O resultado desses momentos de amor de pai meio desastrado virou um livro de poemas para crianças, que foi belamente ilustrado pela Mariana Manini: A Minhoca Colorida ("Eu sou a Minhoca Colorida/Com uma Buzina no nariz/ Papai diz que é como a vida/ Bem comprida e bem feliz").

Num igualmente feliz encontro com o Valdir Cimino, diretor da associação Viva e Deixe Viver, ele se interessou pelo livro. Pretende incluí-lo entre os projetos que irá tocar no seu programa, que hoje atende  mais de 70 mil crianças em 92 hospitais em todo o país.

O Viva, que eu conheci há anos, quando Valdir trocou um bom emprego como alto executivo na TV Globo por esse projeto social, leva contadores de histórias voluntários para ler livros a crianças hospitalizadas pelos mais diferentes motivos. E, segundo Valdir, hoje se sabe por pesquisas que as crianças saem do hospital e permanecem leitores pela vida que segue, assim como seus pais.

Os contadores de história do Viva, que no início sofriam certa rejeição pelas equipes hospitalares, hoje são recomendados como algo importante e benéfico ao tratamento. Está comprovado porpesqusias que a leitura transporta a criança para um ambiente mais tranquilo, e tem uma influência benéfica no relacionamento que os hospitais têm com seus pacientes de forma geral.

O bem e a simpatia são contagiantes.

Fico muito feliz de saber que esse livrinho, que é do meu filho André, meu e agora também da Mariana, poderá vir a servir a tão bom propósito. E divido aqui com vocês uma página do futuro "Minhoca Colorida" que, espero, ajude crianças a partir de um momento difícil.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Escolhas


"Você é meu pai para toda a vida", disse o André, aos sete anos. Os filhos ensinam a gente. Eu nunca tinha pensado que ser filho é uma escolha. Mas é.